COP: Entenda a Conferência do Clima da ONU
Durante meus anos atuando no Direito Ambiental e em projetos ligados à gestão de resíduos e ESG, notei como o termo COP, conferência das partes da ONU, foi de uma pauta técnica para algo central no dia a dia das políticas climáticas e das decisões empresariais no mundo. Afinal, a cada edição, as discussões impactam diretamente o futuro das nossas cidades, das indústrias, do planeta. Então, faço deste artigo um convite para entender, com exemplos e minhas vivências, o que são as COPs, seu papel e até aqueles bastidores difíceis que poucas pessoas veem.
O que significa COP e como surgiu?
No universo da ONU, COP refere-se à “Conferência das Partes” da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Desde 1995, representantes de quase todos os países se reúnem anualmente para negociar como enfrentar o desafio das mudanças climáticas. Eu costumo dizer que é como um grande fórum onde se pactuam compromissos e se busca alinhar países com realidades absolutamente distintas, o que nem sempre é simples.
Discussão climática mundial se materializa nas COPs, ali, olho no olho.
Avanços históricos: Protocolo de Quioto e Acordo de Paris
Lembro bem de estudar o Protocolo de Quioto, firmado em 1997. Pela primeira vez, países desenvolvidos assumiram metas obrigatórias de corte das emissões entre 2008 e 2020. Mas percebi, lendo também sobre o Acordo de Paris, como o cenário mudou em 2015. Nesse modelo mais flexível, mais de 190 países, incluindo o Brasil, passaram a ter metas autodefinidas, comprometendo-se a manter o aquecimento abaixo de 2°C, mirando 1,5°C (veja este resumo).
O diferencial do espaço é a busca constante pelo equilíbrio entre responsabilidade compartilhada e justiça climática.
Cada acordo produziu seus próprios resultados. No Quioto, só países ricos tinham obrigações específicas, o que gerou resistência dos emergentes. No Acordo de Paris, todos submetem “Contribuições Nacionalmente Determinadas” (NDCs), revisadas periodicamente, e mecanismos de transparência e apoio financeiro/técnico são discutidos a fundo.
Metas, desafios e monitoramento: por que ainda precisamos avançar?
Mesmo com avanços, me chamou a atenção o alerta feito em relatório recente da UNFCCC: se somarmos as metas colocadas até agora, as emissões globais vão cair apenas 4% até 2035, enquanto o necessário seria cerca de 60%. Um abismo. O processo de revisão das NDCs, aliado ao papel do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima), que faz avaliações científicas periódicas, é a tentativa de encurtar essa diferença.
Em relação à diferenciação, percebo discussões acaloradas: os países desenvolvidos, historicamente responsáveis por mais emissões, têm compromissos e obrigações financeiras adicionais, enquanto as nações em desenvolvimento, como o Brasil, buscam reconhecimento por sua vulnerabilidade e necessidade de apoio internacional.
Logística e bastidores das grandes reuniões
Pouca gente imagina, mas organizar uma COP vai muito além dos debates. Em eventos que já superaram as 30 mil pessoas, faltam hotéis, sistemas de transporte entraem em colapso, e já vi soluções criativas como hotéis flutuantes e até navios hospedando delegações próximas aos centros de conferência. A logística é um capítulo à parte, impactando rede hoteleira, mobilidade urbana, segurança e até a programação das cidades anfitriãs. Isso também coloca desafios para garantir acessibilidade e diversidade na participação.
Impactos práticos: da COP para o Brasil e o mundo
Os debates em cada edição impactam diretamente políticas de governança climática, acesso a financiamento e a legislação ambiental, especialmente em países que buscam alinhar suas normas aos pactos globais. O Brasil, em particular, está no centro dos holofotes com a realização da COP 30 em Belém em 2025, momento histórico discutido amplamente na evolução das conferências, que coloca a Amazônia como símbolo global da luta pelo clima.
Tenho acompanhado na prática como resoluções das COPs influenciam marcos legais, como os avanços na regulação de resíduos, logística reversa e economia circular, assuntos que discuto em projetos como o do direito dos resíduos e temas de ESG e sustentabilidade. O que começa nas plenárias da ONU chega rapidamente ao nosso dia a dia, do setor industrial até a gestão municipal.
Reflexão final
Como professor, advogado e consultor envolvido diretamente em estudos sobre resíduos e ESG, sei o quanto cada COP é marcada por avanços, resistências e urgências. A participação ativa de especialistas brasileiros, inclusive minha, foi e continua sendo fundamental nas negociações e construção de agendas para o futuro.
Se você se interessa por governança ambiental, política climática, e quer entender como trazer as decisões globais para a sua realidade, seja na empresa, setor público ou pesquisa —, convido a conhecer mais o projeto Fabricio Soler, e mergulhar em debates como direito ambiental e casos práticos discutidos no blog. A hora de se envolver é agora.
Perguntas frequentes
O que é a Conferência do Clima da ONU?
É o principal encontro anual promovido pela ONU para debater, negociar e pactuar medidas globais no combate à mudança climática, reunindo representantes de quase todos os países, organizações e especialistas.
Como funciona a COP e para que serve?
A COP reúne delegações nacionais para negociar objetivos, revisar avanços dos acordos climáticos e assumir novas metas coletivas ou nacionais. As decisões acordadas ali direcionam as políticas climáticas e ambientais mundiais.
Quais países participam da COP?
Participam as mais de 190 nações signatárias da Convenção do Clima das Nações Unidas, além de observadores, setor privado, cientistas e sociedade civil, tornando o processo plural e representativo.
Por que a COP é importante para o clima?
Porque é onde se firmam acordos internacionais como Quioto e Paris, essenciais para limitar o aquecimento global e garantir cooperação, financiamento e monitoramento das ações climáticas.
Quando e onde acontece a próxima COP?
A próxima edição da Conferência do Clima será a COP 30, sediada em Belém (PA), Brasil, no ano de 2025. A escolha ressalta a relevância da Amazônia nos debates climáticos globais.





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